PORTUGAL E BRASIL - LÁ E CÁ A MESMA PORQUEIRA DE GOVERNO
MILITARES DE PORTUGAL MANIFESTAM DESCONTENTAMENTO
CAPITÃES DE ABRIL AINDA ESTÃO VIVOS
“Capitães de Abril” contra políticas do governo português
Foto: Voz da Rússia
“Os militares são os pais do estado democrático, da democracia e do Estado de direito que existe em Portugal”, declarou em Lisboa nas vésperas do 40º aniversário da Revolução dos Cravos (1974) Vasco Lourenço, que era, nos anos setenta, membro do Conselho da Revolução e pertenceu ao Movimento das Forças Armadas (MFA).
Atualmente coronel da reserva, Vasco Lourenço é
presidente da Associação de 25 de Abril, que reúne chamados “capitães de
Abril”, jovens oficiais que na altura lideravam a revolta do exército
derrubando o regime autoritário no país.
Porém Vasco
Lourenço declarou que os “capitães de Abril” não participariam,
contrariamente à tradição, na sessão solene do parlamento português por
ocasião do aniversário, porque o governo atual “já não tem qualquer
legitimidade política”.
Na base do conflito entre os
militares que acabaram com o regime em 1974, e o parlamento, é a
discordância da Associação de 25 de Abril com o atual ciclo político
alheio a ideais e valores da revolução. O que está em questão é a
política de austeridade dos últimos anos levada a cabo pelo governo,
cortes socias e salariais, introdução de novos impostos e aumento de
impostos existentes o que traz o empobrecimento geral da população.
Noutras
palavras, na opinião dos “capitães de Abril”, "a linha política seguida
pelo atual poder deixou de refletir o regime democrático herdeiro do 25
de Abril”.
Note-se que celebrações atuais em Portugal estão quase a coincidir com a saída do país do programa de assistência da troika, agendada para os meados de maio.
Esta
semana os técnicos do FMI, da União Europeia e do Banco Central Europeu
iniciaram em Lisboa a última avaliação dos resultados do programa, e
conforme a imprensa local, principais temas desta 12ª avaliação são a
substituição das medidas temporárias de austeridade por medidas
permanentes.
“A substituição dos cortes atualmente em
vigor nos salários da função pública e nas pensões (sempre anunciados
como provisórios) por cortes permanentes será o tema em destaque na
avaliação que encerra o programa português”, escreve neste contexto o
jornal lisboeta Público.
Segundo o canal televisivo
estatal RTP, “os representantes dos credores deixam um país muito
diferente daquele que encontraram em 2011 /ano de início do programa da troika/.
É inequívoco que falharam todas as previsões, desde logo no desemprego.
A recessão foi sempre mais profunda que o desenhado... E devia ter
terminado em 2013 – ano em que a economia caiu mais de 1%”.
No âmbito da última avaliação da troika
o governo português acaba de promover uma reunião com parceiros sociais
(sindicatos e entidades patronais) para discutir o futuro mais próximo
do país.
Ao fim de duas horas de uma reunião, os
parceiros sociais declararam-se dececionados com a postura do governo.
Esta posição foi assumida por duas maiores confederações sindicais
– CGTP e UGT – e pela Confederação do Comércio e Serviços de Portugal.
A
título de exemplo, conforme a CGTP (Confederação Geral dos
Trabalhadores Portugueses), o governo está a tentar fazer de aumento do
salário mínimo nacional (um dos temas discutidos) a moeda de troca
colocando no mesmo pacote a redução da retribuição do trabalho
extraordinário e a revisão da contratação coletiva.
Descontentamento
e protestos têm-se aumentado visivelmente na sociedade portuguesa nas
vésperas do 40º aniversário da revolução de Abril. Vários políticos
inclusive Mário Soares, fundador do Partido Socialista, ex-presidente e
ex-primeiro-ministro da República, estão a mostrar apoio aos “capitães
de Abril” na questão do boicote da sessão solene do parlamento.
Os
militares de 25 de Abril resolveram convocar a sua própria cerimónia
paralela a realizar-se no Largo do Carmo em Lisboa, palco principal da
revolução de Abril, local da rendição dos líderes do antigo regime
perante os militares do Movimento das Forças Armadas em 1974.
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