UCRÂNIA, UM PRATO APETITOSO
OU, COMO DESTRINCHAR UM PORQUINHO
Quem
não conhece a história dos 3 porquinhos? Três alegres e engraçados
porquinhos construindo cada um sua casa, Cícero constrói uma casa de
palha, Heitor uma casa de madeira, Prático uma casa de tijolos, o resto
como dizem é história e creio que você já conhece.
Ucrânia: “Frente Ocidental”
Ucrânia. 22 de
Janeiro. Como declarou em Lviv o antigo deputado da Rada Suprema,
Rostislav Novozhenets: “Temos perdido muitas terras tradicionais da
Ucrânia, que foram anexadas à Polônia e à Bielorrússia… Temos perdido a
Transnístria e a Bucovina do Sul que hoje faz parte da Romênia".
O
líder do UNA-UNSO (Assembleia Nacional Ucraniana-Auto Defesa do Povo),
Yuri Shukhevich, acrescentou por sua vez: “Ainda não temos reunido em
conjunto todas as terras históricas. Só teremos sobornost (comunidade
espiritual de pessoas que vivem juntas), quando conseguirmos reunir as
terras ucranianas que hoje se encontram fora da Ucrânia”.
Como
será possível fazer isso? Segundo os nacionalistas, aplicando métodos
diplomáticos. Mas na Europa não será possível mesmo assim constituir um
“Estado etnicamente puro”, porque não permitirão nem as leis, nem os
vizinhos. Que países entram na lista dos vizinhos da Ucrânia?
Polônia. Oficialmente,
há 144 mil polacos na Ucrânia. Entre 1944 e 1946, a URSS e a Polônia
trocavam populações: polacos foram transferidos para a Polônia e russos,
bielorrussos, lituanos e ucranianos – para a URSS. A migração forçada
de quase 500 mil ucranianos causou muitas vítimas, pelas quais a Polônia
apresentou desculpas à Ucrânia. Por sua vez, em primavera – verão de
1943, mais de 50 mil pessoas foram mortas em Volyn em resultado de ações
da UPA-OUN (Organização dos Nacionalistas Ucranianos – Exército
Insurgente Ucraniano) que decidiu expulsar os polacos locais da Ucrânia.
Estes acontecimentos são conhecidos como Massacre de Volyn.
Segundo
censo de 2001, 71% dos polacos consideram o ucraniano como língua natal
e apenas 13% – o polaco. Por isso, na Polônia, diz-se não oficialmente
que aproximadamente 1,5 milhão de polacos habitam a Ucrânia. Nesse
contexto, vários políticos polacos declaram sobre a injustiça histórica –
a perda de regiões orientais pelo país. A Polônia revela gradualmente
seus compatriotas – já mais de 60 mil pessoas receberam na Ucrânia o
chamado “cartão polaco”.
Hungria. A
Constituição da Hungria estipula: “A Hungria, orientando-se pela ideia
da unidade da nação húngara, responde pelo destino dos húngaros que
vivem fora das suas fronteiras”. Mais de 150 mil húngaros habitam a
Transcarpátia. Nacionalistas húngaros exigem oficialmente formar uma
autonomia territorial e a respetiva circunscrição eleitoral na região da
Transcarpátia da Ucrânia e, não oficialmente, declaram que todo o
território da Transcarpátia deve pertencer aos húngaros.
Moldávia. Declaração
do ex-chefe do Serviço de Informação e Segurança da Moldávia, Anatol
Plugaru: “A Moldávia ficou privada da saída ao mar Negro no sul, da
região tradicional moldávia de Chernovtsy no norte, das terras na costa
esquerda do Dnestr, das cidades de Balta, Hotin, Ismail, Kilia, Akkerman
(hoje, Belgorod Dnestrovsky) com uma população de 200 mil pessoas. No
total, foram presenteadas à Ucrânia 96 povoações numa área superior a
1000 quilômetros quadrados da terra moldávia e uma população de 500 mil
pessoas”.
Romênia. Mais
de 150 mil romenos vivem na Ucrânia. Em 1940, na composição da Ucrânia
entraram a Bucovina do Norte e a Bessarábia do Sul, anteriormente sob a
jurisdição da Romênia. Atualmente, são a região de Chernovtsy e a parte
sul da região de Odessa. Em 1991, os parlamentares romenos apelaram a
que os governos dos países, que reconheceram a independência da Ucrânia,
“não estendam este reconhecimento para os territórios romenos”. Mais
tarde, a Romênia reconheceu a independência da Ucrânia.
A
lei sobre a repatriação permitiu que os habitantes dos territórios que
numa altura faziam parte da Romênia obtivessem o passaporte romeno. Já
mais de 100 mil habitantes da Ucrânia têm passaportes da Romênia. O
líder do partido Grande Romênia (Partidul România Mare – PRM), Korneliu
Vadim Tudor, declarou ainda em 2010: “Assinando com a Ucrânia um tratado
sobre as fronteiras, a Romênia tinha na mente qua a própria Ucrânia
fosse ainda um projeto não definitivo, o que significava que tudo foi
possível”.
Deste modo, a caminho da Europa os
nacionalistas ucranianos podem esperar não apenas a reintegração de
todas as terras “históricas”. Seus vizinhos ativos têm programas-mínimo
– no caso da aproximação à Europa, criar na Ucrânia autonomias
nacionais.
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