segunda-feira, 24 de março de 2014




UCRÂNIA, UM PRATO APETITOSO

OU, COMO DESTRINCHAR UM PORQUINHO

 

 

  


Quem não conhece a história dos 3 porquinhos? Três alegres e engraçados porquinhos construindo cada um sua casa, Cícero constrói uma casa de palha, Heitor uma casa de madeira, Prático uma casa de tijolos, o resto como dizem é história e creio que você já conhece.

  Ucrânia: “Frente Ocidental”

Europa, Ucrânia, Romênia

Além da Rússia, a Ucrânia tem fronteiras com a Bielorrússia, Polônia, Eslováquia, Hungria, Romênia e Moldávia. O que espera nacionalistas ucranianos no Ocidente?

Ucrânia. 22 de Janeiro. Como declarou em Lviv o antigo deputado da Rada Suprema, Rostislav Novozhenets: “Temos perdido muitas terras tradicionais da Ucrânia, que foram anexadas à Polônia e à Bielorrússia… Temos perdido a Transnístria e a Bucovina do Sul que hoje faz parte da Romênia".
O líder do UNA-UNSO (Assembleia Nacional Ucraniana-Auto Defesa do Povo), Yuri Shukhevich, acrescentou por sua vez: “Ainda não temos reunido em conjunto todas as terras históricas. Só teremos sobornost (comunidade espiritual de pessoas que vivem juntas), quando conseguirmos reunir as terras ucranianas que hoje se encontram fora da Ucrânia”.
Como será possível fazer isso? Segundo os nacionalistas, aplicando métodos diplomáticos. Mas na Europa não será possível mesmo assim constituir um “Estado etnicamente puro”, porque não permitirão nem as leis, nem os vizinhos. Que países entram na lista dos vizinhos da Ucrânia?
Polônia. Oficialmente, há 144 mil polacos na Ucrânia. Entre 1944 e 1946, a URSS e a Polônia trocavam populações: polacos foram transferidos para a Polônia e russos, bielorrussos, lituanos e ucranianos – para a URSS. A migração forçada de quase 500 mil ucranianos causou muitas vítimas, pelas quais a Polônia apresentou desculpas à Ucrânia. Por sua vez, em primavera – verão de 1943, mais de 50 mil pessoas foram mortas em Volyn em resultado de ações da UPA-OUN (Organização dos Nacionalistas Ucranianos – Exército Insurgente Ucraniano) que decidiu expulsar os polacos locais da Ucrânia. Estes acontecimentos são conhecidos como Massacre de Volyn.
Segundo censo de 2001, 71% dos polacos consideram o ucraniano como língua natal e apenas 13% – o polaco. Por isso, na Polônia, diz-se não oficialmente que aproximadamente 1,5 milhão de polacos habitam a Ucrânia. Nesse contexto, vários políticos polacos declaram sobre a injustiça histórica – a perda de regiões orientais pelo país. A Polônia revela gradualmente seus compatriotas – já mais de 60 mil pessoas receberam na Ucrânia o chamado “cartão polaco”.
Hungria. A Constituição da Hungria estipula: “A Hungria, orientando-se pela ideia da unidade da nação húngara, responde pelo destino dos húngaros que vivem fora das suas fronteiras”. Mais de 150 mil húngaros habitam a Transcarpátia. Nacionalistas húngaros exigem oficialmente formar uma autonomia territorial e a respetiva circunscrição eleitoral na região da Transcarpátia da Ucrânia e, não oficialmente, declaram que todo o território da Transcarpátia deve pertencer aos húngaros.
Moldávia. Declaração do ex-chefe do Serviço de Informação e Segurança da Moldávia, Anatol Plugaru: “A Moldávia ficou privada da saída ao mar Negro no sul, da região tradicional moldávia de Chernovtsy no norte, das terras na costa esquerda do Dnestr, das cidades de Balta, Hotin, Ismail, Kilia, Akkerman (hoje, Belgorod Dnestrovsky) com uma população de 200 mil pessoas. No total, foram presenteadas à Ucrânia 96 povoações numa área superior a 1000 quilômetros quadrados da terra moldávia e uma população de 500 mil pessoas”.
Romênia. Mais de 150 mil romenos vivem na Ucrânia. Em 1940, na composição da Ucrânia entraram a Bucovina do Norte e a Bessarábia do Sul, anteriormente sob a jurisdição da Romênia. Atualmente, são a região de Chernovtsy e a parte sul da região de Odessa. Em 1991, os parlamentares romenos apelaram a que os governos dos países, que reconheceram a independência da Ucrânia, “não estendam este reconhecimento para os territórios romenos”. Mais tarde, a Romênia reconheceu a independência da Ucrânia.
A lei sobre a repatriação permitiu que os habitantes dos territórios que numa altura faziam parte da Romênia obtivessem o passaporte romeno. Já mais de 100 mil habitantes da Ucrânia têm passaportes da Romênia. O líder do partido Grande Romênia (Partidul România Mare – PRM), Korneliu Vadim Tudor, declarou ainda em 2010: “Assinando com a Ucrânia um tratado sobre as fronteiras, a Romênia tinha na mente qua a própria Ucrânia fosse ainda um projeto não definitivo, o que significava que tudo foi possível”.
Deste modo, a caminho da Europa os nacionalistas ucranianos podem esperar não apenas a reintegração de todas as terras “históricas”. Seus vizinhos ativos têm programas-mínimo – no caso da aproximação à Europa, criar na Ucrânia autonomias nacionais.
Segundo as leis da União Europeia, tais planos são não apenas realistas, mas também legais, tanto mais que, em palavras do mesmo ex-deputado Novozhenets, na Ucrânia há apenas 58% dos cidadãos “autênticos”.

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