A Ucrânia é berço histórico da Rússia, particularmente a região da Crimeia e adjacências, mais de um terço do país, que tem 22% de russos e mais de 50% de cidadãos de origem russa, sendo que metade da população da Ucrânia fala russo. Quatro milhões falam romeno, outros tantos falam polonês, e ucraniano mesmo, pouca gente fala se não consideramos nessa soma os que falam russo e ucraniano.Tem as terras mais férteis da Europa e grande produção agrícola. Temos também uma base militar russa na Crimeia, que interessantemente está em risco como a de Tartus na Síria. Seria algo orquestrado para eliminar as bases russas? A reposta foi contundente. A Rússia anunciou a instalação de meia dúzia de bases militares em diferentes partes do mundo. Em rápido panorama, podemos dizer que depois da Líbia, a Rússia tem todo o direito de invadir a Ucrânia, como agora todos podem invadir quem quiser, bastando para isso ter a força militar necessária.O caso da Líbia é claro. A queda de Kadafi abriu as portas para a África se incendiar, e isso está ocorrendo, e para que agora africanos aos milhares invadam a Europa Ocidental.Uma nova onda sarracena e islâmica invadindo a Europa? Depois da Líbia a Diplomacia morreu, ficou em segundo plano, isso foi claro nas relações mundiais. A Espanha quixotescamente, decretou a prisão de altos dirigentes da China e da Coréia do Norte.Piada ou a procura de um estopim? Assad continua na Síria, O Talebã manda no Afeganistão e os EUA estão saindo com o rabo entre as pernas, como os russos saíram. A al Qaeda acaba de anunciar sua volta ao Afeganistão.Cuba abre as portas e os portos, o principal construído pelo Brasil, para Europa, que decidiu romper o cerco, China, Índia e Rússia, África do Sul,seus principais parceiros ao lado de Venezuela, Brasil e Argentina.O cerca está acabando. O EUA está ficando só com sua política. A Europa vai querer mobilizar a Otan e entrar em guerra com a Rússia? Uma coisa é apoiar os EUA no Afeganistão, mandar tropas para longe, outra é combater na casa, e mais lutar contra um povo que quer se separar de Kiev, que fala russo, que tem sangue russo. Se necessário a Rússia entra na Ucrânia, se necessário a Ucrânia será partida ao meio, se necessário toda a Europa pode ser destruída, incluindo ai boa parte da própria Rússia, mas nada da Europa Ocidental restará.A Rússia vai entrar e todos ficarão em silêncio para não piorar ainda mais a situação.Para piorar a situação por lá, o imbecil do novo governo ucraniano proibiu todas as línguas no país, permitindo apenas a língua ucraniana.Aqui no interior nos chamamos isso de jogar graveto no fogo, no caso nem graveto é, é gasolina mesmo.Está claro também que as forças estão se posicionando pelo mundo. Os EUA ficaram um pé em Honduras e tentam agora no Paraguai.Bases militares nos dois países, porque na Colômbia muita coisa já foi desmobilizada, ficando apenas os paramilitares e agentes. Na África o islamismo avança contra governos controlados pelo Ocidente, e a China avança nos negócios por todo continente. Negociou em 2013 cerca 200 bilhões de dólares com a África toda. Japão e Coréia do Sul vivem dois grandes dilemas, a cada vez mais poderosa China e a imprevisível Coréia do Norte, cutucada agora pelo pedido de prisão de sues líderes pela Corte da Espanha.Será que a Espanha tem coragem de mandar um navio de guerra para perto da Coréia do Norte? Seria afundado de imediato pela situação do momento. Querem arrastar o Brasil para o lado dos EUA, mas isso é impossível porque nossa economia está atrelada ao BRICS hoje, que juntos com Turquia, Irã, países latinos e africanos, representam 70% de nossos negócios.Dentro desse jogo, o Brasil não vai ficar ao lado dos EUA. Mesmo porque os golpes que tentam na Venezuela e em outros países possuem a mesma marca, a mesma estratégica, o golpe branco, via Judiciário, via parlamento, sempre tirando o eleito pelo povo do Poder.E nosso acordo militar e espacial com a Ucrânia já consumiu alguns milhões de dólares e tudo foi para a “cucuia”, como dizia meu avô.É o Ocidente que deve decidir seu destino agora na Europa, escolher seus passos, porque a Rússia já decidiu e apontou para onde caminhará a partir de agora.Para os esquecidos é bom lembrar que os russos estão na base militar da Crimeia há mais de 230 anos.Só uma guerra mundial pode tentar tira-los de lá, isso está claríssimo. Mas temos Odessa se levantando e milhões de assinaturas pedindo a interferência russa. Mas até deixando de lado toda essa análise, vamos ao fato de que a Ucrânia sempre foi ligada à Rússia e somente em 1954, Kruchev tirou a Crimeia da Rússia e passou para a Ucrânia, mas na época isso era irrelevante porque todos participavam da União Soviética. O fato é que a Rússia mantém base militar há 230 anos e só sairá de lá após uma grande guerra e se for derrotada.e isso parece óbvio.

Transcrevo também a reportagem à qual o senhor Alonso se refere:


A crise na Ucrânia é séria demais, diz historiador britânico. Putin não deve se iludir de que tropas russas vão ser bem recebidas.

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Tim Snyder, historiador. (Foto Ines Gundersveen)
“Não me surpreendo em nada com o que aconteceu neste sábado,”  afirma, durante uma visita a Viena, o historiador britânico Timothy Snyder. Ele é professor do Departamento de História da Universidade de Yale, em Connecticut,  escreveu dois livros sobre a Ucrânia e tem publicado artigos sobre a crise na antiga república soviética em que alertou para o desfecho de uma intervenção militar.
O livro mais recente de Snyder é  Bloodlands, Europe Between Hitler and Stalin (2010), uma elogiada história do genocídio de 14 milhões de civis praticado em nome de duas utopias, a de classe, por Stalin, e a da raça, por Hitler.
O professor é cauteloso na previsão do desdobramento da decisão de Vladimir Putin de formalizar a intervenção no parlamento russo mas alerta que a crise entrou num território em que algo terrível pode acontecer. A seguir, a entrevista do Professor Snyder ao Estado.

Porque  o senhor classificou, num artigo recente,  a evolução da crise ucraniana de uma guerra de propaganda?
O que aconteceu na Ucrânia foi uma revolução popular contra um autocrata, mas seu governo, com apoio da Rússia, rotulou os manifestantes de fascistas de extrema direita. O governo foi deposto mas a Rússia continua a propagar esta ideia. Chamo a sua atenção para o fato de que, em várias cidades russas já começaram os protestos contra a decisão de Putin. E especialmente destaco o fato de que uma petição assinada por mais de 70 mil membros da população étnica russa dentro da Ucrânia pediu a Putin para não invadir país. Então, é uma falsidade achar que a população que se sente culturalmente ligada à Rússia no leste da Ucrânia está pedindo uma invasão.

Se o senhor não se surpreende com o que aconteceu, qual seria o próximo passo lógico de Putin?
É muito difícil fazer previsões sobre Putin e não vou arriscar aqui. O voto unânime da câmara alta do parlamento russo  autorizando  a intervenção, era previsível. O problema é que, em poucas horas, Putin já foi longe demais, violando dois acordos internacionais. Ele violou o acordo assinado com os Estados Unidos e a Grã-Bretanha em 1994 de respeitar a independência ucraniana em troca de a Ucrânia abrir mão de seu arsenal nuclear. E, em 2010, A Rússia assinou um acordo para renovar sua base militar em Sevastopol, sob a condição de que suas tropas não poriam as botas fora do perímetro da base.

O senhor concorda com observadores que disseram que a situação na Ucrânia não deve ser comparada a 2008, quando a Rússia invadiu a Geórgia, mas a 1998, quando invadiram a Checoslováquia?
Vejo semelhanças não só nos tanques soviéticos em Praga, em 1998, como na invasão da Hungria, em 1956, especialmente na escalada de propaganda que precedeu as ações. Mas, nós temos memória curta.  Nos dois casos, um movimento reformista num país vizinho começa a ser bem sucedido e a ação militar é justificada como combate à opressão do fascismo. O discurso agora é muito parecido com o da antiga União Soviética. Uma diferença é que não houve revoluções populares como a que vimos na Ucrânia.

Como o senhor responde à pergunta, agora repetida, “voltamos à Guerra Fria?
Não podemos voltar à Guerra Fria porque a China é poderosa demais. A Guerra Fria era bilateral. Além disso, os europeus são mais independentes dos Estados Unidos, com seus 500 milhões de habitantes e seu poder econômico. A outra questão é que a Guerra Fria era sobre política externa. E a escalada da crise ucraniana é um substituto para uma política doméstica. Vladimir Putin precisa de aventuras no exterior porque ele não pode fazer as reformas estruturais necessárias para a Rússia. Putin não terá um legado de reforma interna.
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Barack Obama conversa com Vladimir Putin (Foto Casa Branca)
Como o senhor vê a reação do governo Obama à crise? A oposição republicana usa a Ucrânia como exemplo de que Barack Obama é ingênuo e não inspira respeito de seus adversários no exterior.
Antes de tudo, vamos deixar claro que este não é o momento para politicagem partidária. A crise é séria demais. O Obama não é particularmente interessado na Europa, na herança da Guerra Fria e sua equipe de política externa reflete isto. Acho que foi ingênua a política inicial de “reset” com a Rússia, ainda sob o Medvedev, a ideia de que, se os Estados Unidos se comportarem bem a Rússia faria o mesmo. O Obama não tem sido realista em relação a Moscou nos últimos anos e os russos têm razão quando argumentam que Obama não prestou atenção na Rússia. Onde eles podem se enganar é em subestimar a capacidade de Washington de prestar atenção partir de agora.

O senhor se refere ao poder de retaliação? Se a reação militar é descartada, o que resta?
De novo, não vou arriscar previsões mas não consigo imaginar que a resposta de Obama não vá ser séria. O que ele deve fazer agora é ser discreto e não fazer nada por algum tempo. Mas o Ocidente pode machucar a Rússia e muito, com sanções financeiras. Lembro que toda a oligarquia russa coloca seu dinheiro e educa seus filhos na Europa e nos Estados Unidos. Um cenário em que a elite russa tenha seus bens bloqueados e não possa viajar cria um problema grande para Putin.

Qual é, na sua opinião, o maior risco da crise no momento?
Eu sabia que chegaríamos a este ponto e um dos meus grandes temores é que Putin acredite no que diz a respeito da Ucrânia, que o país não é um Estado ou uma nação real, deve ser parte da Rússia. Mesmo os ucranianos que se identificam mais com a Rússia consideram seu país uma nação soberana. Se Putin acha que as tropas russas vão ser saudadas como liberadoras, a ilusão pode ter consequências terríveis.

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Manifestante ergue bandeira russa em cidade ucraniana de Kharkiv